sou dois


Eu sou a chama e a água, e dentro de mim dois lobos gritam e combatem, uma guerra infindável. Sou o duplo sentido, sou a dupla alma, sou dois leões lutando por uma carniça. Sou o céu e o inferno, ou a floresta e o mar, sou um que termina em outro, sou tudo aquilo que não tem fim; sou o bem e o mal, tenho dois filhos dentro de mim; tenho duas dúvidas, e duas respostas para dúvidas que eu não tenho, e duas respostas pra duas dúvidas que não existem, as quais nem o nome sei. Eu gosto e não gosto ao mesmo tempo de algo que eu não sei o que é, algo que procuro saber e procuro cada dia mais, e nunca encontro nem vestígio. Sou o que eu sou e o que eu quase sou, ou talvez eu seja algo que eu não sei que sou. Sabe-se-lá o que pensam que sou, mas sou dois, sou mais... Sou o que ninguém vê e aquilo que todos vêem e sabem. Sou aquilo que eu gostaria de ser e ao mesmo tempo aquilo que mais odeio, sou uma guerra ambulante, um conflito constante... Sou tudo e nada... Sou dois.

Um comentário:

  1. Esse texto é fantástico. Só quem vive esses conflitos e dúvidas entende o que está escrito aí...
    Parabéns pela sensibilidade.

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