Todos estão falando. Falando sem parar; aonde isso vai chegar? Não consigo enxergar nada além de vários lábios se movendo rapidamente, atropelando o próprio pensamento, atormentando o pensamento alheio, afastando a paz e desmerecendo suas vidas. Qual o sentido disso?
Tentando pensar no que eu ouço, fico remoendo palavras vagas ditas no silêncio da minha mente. Quem consegue aguentar tanta falação? Falar, falar, falar... Essas palavras são mais fortes que qualquer pensamento. Já acreditei que pecávamos por pensamento, mas hoje tenho certeza de que palavras são mais fortes que isso.
A quem cabe o direito de julgar? Acreditei que fosse somente possível julgar à si próprio, com o intuito de melhorar, apenas isso. Mas a tempos consigo identificar que julgar está se tornando algo popular e coletivo: vamos julgar quem está vivo! E aí?
Soubera eu que cada pessoa tem um cérebro e que cada um faz com ele o que quiser. Esse é o problema! Quem está vivo está pronto para morrer. Está pronto para se matar, matar, tudo com palavras árduas. Porque as pessoas falam, elas falam demais.
Eu queria que as ações tivessem mais frequência; neste mundo informatizado, as pessoas só falam, falam e falam. Ninguém mais tem o hábito de fazer; todos estão resmungando; as novas gerações estão aprendendo a viver de fala. Tudo bem que tem gente que vive disso, mas me refiro à fala desordenada, àquela que serve para ferir.
O mal do mundo é que todos estão surdos. Todos falam, criticam, julgam, tem preconceito, e ninguém ouve o que o outro tem a dizer. Se ouvidos tivessem, quem sabe interpretariam o mundo de outra forma, porque o mundo é muito mais do que isso.
Sei que a cada dia que se passa, o eco da amargura fica cutucando essas mentes. Cada um tem pra si um quarto branco, no qual cria-se o que quiser. Mas não é qualquer um que sabe dominá-lo. Muitos o fazem crescer, mas muitos mais o deixam branco, preferem tingir por fora, amarelo, laranja, verde limão. Aparências. Mas seus ecos ficam dentro, e nunca vão deixá-los em paz.